De acordo com a Controladoria, Veiga afirmou em seu depoimento que seu antecessor havia lhe dito que sua intenção era usar a "abrangência nacional" dos religiosos para auxiliar no contato com prefeitos
Hoje à frente do Ministério da Educação, Victor Godoy Veiga afirmou à Controladoria-Geral da União (CGU) que, na época em que ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta, tentou alertar o então ministro Milton Ribeiro sobre o que chamou de atuação "desnecessária" dos pastores Arilton Moura e Gilmar Santos no âmbito do MEC.
A informação consta no relatório da CGU sobre supostas irregularidades da gestão de Ribeiro no MEC. Como mostrou a CNN neste domingo (26), a atuação dos pastores no gabinete do então ministro foi apontada como motivo para demissão de assessores de Ribeiro.
Em uma série de depoimentos ao órgão de controle, funcionários da gestão de Ribeiro relataram que a atuação da dupla de pastores como porta-vozes do MEC era referendada pelo então ministro.
De acordo com a CGU, o atual ministro afirmou em seu depoimento que Ribeiro havia lhe dito que sua intenção era usar a "abrangência nacional" dos pastores para auxiliar no contato com os prefeitos.
À CGU, Veiga afirmou que tentou demover Ribeiro dessa ideia, dizendo ser "desnecessária" essa mediação, já que os parlamentares já cumpririam esse papel, mas não teve sucesso. "Argumentou que o próprio ministro, por diversas vezes, teria afirmado em seus discursos nos eventos da pasta que os prefeitos não necessitariam de intermediários em suas tratativas com o MEC", diz o documento da CGU.
No último dia 3, em entrevista à analista de política da CNN Renata Agostini, Veiga afirmou que, ainda no posto de secretário-executivo, tão logo recebeu uma denúncia interna sobre a atuação dos pastores no MEC, comunicou a Ribeiro e recomendou que o então ministro não mais tivesse contato com a dupla. À CNN, Veiga afirmou, porém, que Ribeiro voltou a encontrá-los.
Ainda de acordo com o relatório do órgão de controle, o atual ministro confirmou que os pastores tinham liberdade de atuação no MEC e que a equipe que assessora Arilton e Gilmar também auxiliava na montagem de eventos na sede do ministério em Brasília, inclusive autorizando a entrada de participantes das dependências do edifício.
Em depoimento à CGU, Mychelle Rodrigues de Souza Braga, chefe da assessoria de agenda do gabinete do ministro, afirmou que "nenhuma outra pessoa ou autoridade esteve naquelas dependências com a frequência do pastor Arilton".
Mychelle também disse que Ribeiro concedeu aos pastores a prerrogativa de atuarem de modo similar aos parlamentares, solicitando agendas do ministro com prefeitos em diversas localidades do país. De acordo com os então assessores, a atuação dos pastores como porta-vozes do MEC era referendada pelo ministro.
A defesa de Milton Ribeiro diz que o ex-ministro "não cometeu qualquer ilicitude, independentemente da esfera de apuração".
"O ministro Milton Ribeiro sempre pautou sua vida, privada e pública, pela ética, honestidade e retidão e jamais cometeu qualquer desvio e ou infração penal dentro e ou fora do exercício do cargo público que ocupou", diz a nota dos advogados do ex-ministro.
A nota diz ainda que, quando tomou conhecimento das denúncias, o então ministro "comunicou o fato à CGU, requisitando pronta investigação e acionamento da Procuradoria da República".
Procurado pela CNN, o atual ministro ada Educação, Victor Godoy Veiga afirmou que não iria se manifestar.
Fonte: CNN Brasil