23/11/2024 +55 (74) 99906-2722

Política

Arthur do Val manda carta a deputados e diz que não concorrerá à reeleição

Por Murillo Maia 09/03/2022 às 10:11:55

O deputado estadual Arthur do Val (em partido) enviou nesta terça-feira (8) uma carta a colegas na Assembleia Legislativa de São Paulo dizendo que não concorrerá mais à reeleição em 2022 e pedindo uma "pena justa" no processo de cassação de mandato que sofrerá por causa de falas de cunho sexista.

A carta busca sensibilizar os colegas parlamentares e evitar que ele seja punido com pena de cassação, o que, segundo assessores do deputado, acarretaria inelegibilidade por oito anos. O deputado é alvo de 11 pedidos de cassação, que devem começar a tramitar nesta semana.

Ao visitar a Ucrânia na semana passada, o parlamentar ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) enviou áudios a amigos dizendo que as ucranianas são "fáceis" por serem pobres -e que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a "melhor balada do Brasil".

Na carta, Arthur afirma entender a necessidade de a Casa aplicar uma punição, que considera justa e necessária. "Entretanto, peço encarecidamente que considere a ausência de dolo e de dano a terceiros na dosimetria da pena. Se de um lado a punição é necessária, de outro, a cassação se faz excessiva."

O deputado afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que desistiu da reeleição porque não teria chances nas urnas depois da repercussão de sua fala, que gerou uma onda de repúdio dentro e fora do Brasil. "Eu não iria me eleger mesmo e agora eu atrapalho o MBL", disse.

"Não entrei na política por carreira, dinheiro ou cargo. Entrei pela missão e por ora estou atrapalhando ela", completou.

Na avaliação de membros do MBL aliados de Arthur, o anúncio de não concorrer à reeleição é um argumento contra a cassação, mas a aplicação da pena máxima pela Assembleia já é vista como inevitável.

Na carta, ele escreve que os áudios que mandou para amigos após ir à Ucrânia têm "conteúdo horrendo".

No entanto, argumenta que há superdimensionamento dos fatos. "Quero deixar muitíssimo claro que não houve nenhum tipo de assédio. Foram palavras, palavras horrorosas, desrespeitosas e desprezíveis", afirmou.

"Estou repleto de problemas pessoais. Envergonhei minha mãe, minhas tias, minha sobrinha e perdi minha namorada. Dizem que os erros nos fazem aprender. Essa lição eu estou aprendendo do jeito mais doloroso possível", afirmou.

Arthur escreveu ainda que tem jeito combativo, midiático e exagerado, mas que tenta não ser uma pessoa desagradável. "Nesta abertura de processo de cassação de meu mandato sei que há uma comoção midiática, que, por ser efêmera, passa. Mas a mancha na minha vida permanecerá."

Ele está isolado politicamente e deve enfrentar dificuldades para fazer sua defesa. Com um histórico de brigas com outros deputados, Arthur não conta com muitos aliados no momento para lidar com os processos no conselho de ética da Casa.

Também nesta terça, o Podemos acatou o pedido de desfiliação do deputado. Ele estava havia cerca de 30 dias no partido, que havia anunciado, na segunda-feira (7), a abertura de procedimento disciplinar para expulsá-lo. Antes que o processo começasse, o parlamentar pediu para deixar a sigla.

Arthur, que seria candidato ao Governo de São Paulo pelo Podemos, foi filiado durante um evento em São Paulo, com a presença do presidenciável do partido, o ex-juiz Sergio Moro, e membros do MBL.

Após a repercussão do caso, o deputado retirou a pré-candidatura ao governo. Diversos integrantes do Podemos, incluindo a presidente, Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol divulgaram comunicados recriminando as falas e dizendo lamentá-las.

Em entrevista à Folha de S.Paulo na segunda-feira, Arthur afirmou que irá se afastar do MBL e se defendeu de uma possível cassação na Assembleia.

Fonte: BNews

Comunicar erro
Comentários

Queremos Saber!

Você é a favor da diminuição da jornada de trabalho no Brasil, como propõe a PEC da deputada Erika Hilton?