Junior Yanomami fala sobre o adoecimento mental entre indígenas yanomami - Rovena Rosa/Agência Brasil
Parte dos povos yanomami vive no Amazonas. O presidente da Associação Yanomami Urihi, Junior Yanomami, destaca a realidade violenta na região. Ele cita o caso de meninas que chegam ao adoecimento mental, após sucessivas violências contra seus corpos, como estupro, gravidez precoce, abuso e a exploração de invasores.
"São crescentes os casos de mulheres sofrendo violência, estupro. Tem muitas jovens também que engravidaram de garimpeiros e tem filhos dos garimpeiros. Tem um problema grave psicológico com as meninas yanomami, elas choram, ficam com raiva, isso é um problema."
O Relatório do Cimi aponta, ainda, que somente no ano passado, foram registrados 115 suicídios de pessoas indígenas, em todo o país. Uma das organizadoras do documento, a antropóloga Lúcia Helena Rangel, cita a pobreza e os contextos de violência contra essas populações. No entanto, atribui grande parte do adoecimento mental indígena, ao racismo.
O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2021, mostra que a taxa de mortalidade por suicídio em indígenas é quatro vezes superior à da população não indígena.
O relatório do Cimi traz um alerta sobre a disseminação do álcool e outras drogas nos territórios indígenas. Segundo o documento, essa realidade é um mecanismo antigo dos colonizadores, para "controle dos indígenas, a fim de facilitar o livre acesso aos territórios e a prática de crimes". Por outro lado, provoca o adoecimento mental e deixa as populações mais vulneráveis às ideações suicidas.