Homens que trabalhavam para uma empresa de coleta de sementes encontraram o corpo de um jovem na quinta-feira (13) em estado avançado de decomposição. O cadáver, que foi localizado entre duas aldeias indígenas de Porto Seguro, no extremo-sul da Bahia, foi identificado como sendo do Pataxó Carlone Gonçalves da Silva, de 26 anos, que estava desaparecido desde o dia 21 de setembro.
Indígenas denunciam que a região onde o corpo foi encontrado vive sob conflitos por posse de terras. A Polícia Civil ainda investiga a circunstância da morte do jovem, que deixa esposa e dois filhos. O sepultamento do indígena foi na sexta (14).
De acordo com informações da imprensa local, Carlone saiu da Aldeia Boca da Mata, onde vivia, em direção a uma mercearia. Ele estava a bordo de um moto e na companhia de um amigo quando o veículo quebrou. O amigo saiu para procurar ajuda, mas ao retornar para o local o indígena já não estava mais lá.
Conflito e homicídios
No Instagram, o perfil União Indígena fez uma publicação sugerindo que Carlone pode ter sido uma vítima do conflito que assola a região ocupada pelos povos tradicionais do extremo-sul baiano. "A região vive sob conflito das terras tradicionalmente ocupadas pelos Pataxós. Os fazendeiros contratam pistoleiros na região e intimidam e assassinam indígenas. Já foram registradas em menos de 3 meses 2 mortes de jovens", diz parte do texto.
No dia 4 de setembro, um adolescente Pataxó de 14 anos foi morto em Prado, após ser baleado na cabeça. A família de Gustavo Silva da Conceição diz que ele foi atingido por homens que estavam em um carro. A Polícia Federal fez uma operação e prendeu três pessoas sob a suspeita de serem os responsáveis pelo o homicídio.
Na semana anterior à morte do adolescente, um indígena de 50 anos, também da etnia Pataxó, foi morto a tiros em Santa Cruz Cabrália. Wellington Barreto de Jesus estava em um ponto de táxi, onde trabalhava, quando foi alvejado por um homem vestindo roupas pretas.
BNews